Na noite desta segunda-feira, 18 de setembro, o Auditório Garapuvu estava lotado para a palestra “A morte é um dia que vale a pena viver”, da médica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes. O evento faz parte da 3ª Semana Acadêmica de Medicina (Samed) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e contou com a presença de profissionais, professores, alunos da UFSC e de outras universidades. O tema principal discutido foi cuidados paliativos: como ajudar alguém a morrer.
O “cuidado paliativo”, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida de pessoas que enfrentam doenças terminais. O objetivo não é curar, é dar conforto, suporte psíquico-espiritual e social. Esse cuidado não é uma alternativa, faz parte de um trabalho lúcido e que pode ser oferecido ao paciente.
Ana Claudia debateu muito o assunto sobre o profissional da área da saúde ser mais humano, tratar o paciente com mais atenção e principalmente saber confortar a família que acredita na recuperação da pessoa querida. “Há médicos que se irritam com a família, mas tratem-os bem. Ninguém nos obriga estar lá atendendo, de plantão, essa foi sua escolha então trate bem a pessoa que está lá precisando de ajuda”, disse Ana Claudia.
O cuidado paliativo deve começar assim que o paciente é diagnosticado. Ana Claudia citou o exemplo de pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão, onde um grupo submeteu-se apenas à quimioterapia e radioterapia, e outro grupo além disso, também obteve os cuidados paliativos. No fim, o grupo que recebeu os cuidados paliativos teve em média três meses a mais de vida e menos caso de depressão durante o tratamento.
Outra discussão foi a importância de aprender, em sala de aula, a saber lidar com sofrimento e notícias ruins. “O médico que trabalha com doenças está fadado à infelicidade. Se não sabe lidar com a dor, ele fracassa ao abandonar o paciente. É importante os professores mostrarem uma forma de conversar e valorizar o pouco tempo de vida de alguém”, diz Ana Claudia. Além disso, segundo pesquisas realizadas, o Brasil é um dos piores lugares para morrer. “O Brasil possui um baixo uso de morfina. Os pacientes morrem de dor! O médico não os trata com atenção desde o diagnóstico e num ato de compaixão, à beira da morte, injeta morfina para o paciente se sentir aliviado”, completa.
A palestra serviu para a discussão e aprendizado aos alunos da área da saúde, para que saibam lidar com os futuros pacientes que encontrarão na vida.
Texto publicado no site http://noticias.ufsc.br/.
Por: Manuella Mariani/Estagiária de Jornalismo/Agecom/UFSC
Fotos: Henrique Almeida/Agecom/UFSC