Maturidade e coragem são duas das palavras fartamente usadas pela geriatra Ana Claudia Quintana Arantes ao falar de seu “Pra vida toda valer a pena viver — pequeno manual para envelhecer com alegria” (editora Sextante), em pré-venda e até o dia 15 nas livrarias do país. Após tratar da finitude da vida nos best-sellers “A morte é um dia que vale a pena viver” e “Histórias lindas de morrer”, a médica agora, aos 53 anos, reflete sobre medidas que podem ser tomadas para um envelhecimento mais feliz. “Não dá mais para acreditar que a alegria está no futuro e ele é um lugar onde mora tudo aquilo que não tivemos coragem de fazer agora, enquanto envelhecemos. É preciso exercer a coragem e demonstrar nossos afetos”, diz Quintana. A seguir, a entrevista ao GLOBO realizada nos jardins de sua casa, em São Paulo.
Refletir sobre o envelhecimento foi uma contingência de sua própria percepção da passagem do tempo?
Sem dúvida. Agora não trato de um final, mas de um durante feliz. Confundimos felicidade com alegria. Felicidade é a percepção de plenitude na vida, de que, mesmo em momentos difíceis, você não a troca por nada. E é possível, e desejável, envelhecer feliz. Além de ser geriatra, tenho 53 anos, e comecei a sentir, eu mesma, esse processo de envelhecimento.
Quando começamos de fato a sentir o processo de envelhecimento?
Do ponto de vista técnico, por volta dos 25 anos, quando se alcança o máximo do desempenho biológico e se inicia o declive gradual. Quanto menos você cuidar do corpo, mais rapidamente sentirá o envelhecer. Por volta dos 45 anos comecei a perceber que não tinha o mesmo desempenho de antes. Mas, ao mesmo tempo, ao investir mais na atividade física, percebi que havia um retorno. Isso é muito bonito em nosso corpo: se você se dedica um pouquinho, ele te devolve muito. E em qualquer idade. Mesmo quem começar a investir aos 70, terá retorno.
A senhora começa o livro com uma metáfora: envelhecer é se preparar para uma mudança para o deserto, que se dá justamente por volta dos 70 anos. De onde ela surgiu?
Durante uma aula. Falei com a turma: vamos supor que todos aqui têm 40 anos e notamos que algo mudou, não dá mais para ir para a badalada, virar a madrugada e emendar com o trabalho. Propus aos alunos: em trinta anos nos reencontraremos, mas morando num deserto. E aí, quando fiz perguntas bem práticas sobre esta nova realidade, percebi que as pessoas não sabiam como se preparar para um futuro anunciado.
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Fonte: O Globo / Eduardo Graça