GZH Passo Fundo: “Não tocar no assunto faz com que a morte seja muito mais dura”, diz médica especialista em cuidados paliativos

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Leonel Silveira / Play Studio Criativo

Em Passo Fundo para o 1º Congresso Imersivo de Práticas Integrativas, a escritora e médica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes falou com GZH sobre a expectativa da morte e o trauma coletivo vivido pelo Rio Grande do Sul após a enchente de maio.

Em sua palestra “Faça a sua vida valer a pena”, ela falou sobre o medo da morte, como enfrentar a perda e a importância de práticas integrativas, como o reiki.

Leia a entrevista na íntegra a seguir.

GZH: como podemos definir as práticas integrativas?

Ana Claudia: as práticas integrativas são ações complementares ao tratamento mais objetivo da medicina. Então você terá um paciente fazendo um tratamento de dor, que vai tomar analgésico, vai receber o tratamento da fisioterapia, da psicologia, da enfermagem, da nutrição e para além destes cuidados ele pode receber os tratamentos complementares.

O próprio nome já diz, esses tratamentos complementam o resultado que a gente busca com o tratamento convencional.

Como exemplo podemos citar técnicas de relaxamento, meditação, aromaterapia, entre outras. Todas essas são propostas de intervenção complementar que auxiliam os resultados do tratamento já embasado na medicina.

GZH: nos seus livros você fala sobre a morte, um tema que as pessoas consideram muito delicado. Porque decidiu abordar esse tema?

Ana Claudia: justamente porque ninguém fala. Alguém tem que devolver a morte para a humanidade. Alguém tem que tirar a morte do armário.A gente tem medo de uma coisa que nós não tocamos no assunto e não tocar no assunto faz com que o tempo dela chegar seja muito mais duro, difícil e triste.

Então eu comecei a falar o que ninguém falava e precisávamos tocar nesse assunto. Aí agora você não precisa puxar o assunto para si mesmo, você pode falar “Você já ouviu falar de uma médica escreve sobre a morte? Você já viu esse livro?”. É um jeito de você começar o assunto. Eu acabei virando um motivo pelo qual as pessoas vão conversar sobre isso(risos).

GZH: o Rio Grande do Sul passou por muitas perdas durante as enchentes que marcaram negativamente a vida de inúmeras pessoas. Como o Estado pode lidar com todas essas perdas?

Ana Claudia: vai um pouco no caminho do que a gente sabe que está anunciado. O mundo inteiro está vivendo a consciência dessa tragédia climática. Todo mundo acha que não vai acontecer, mas vai acontecer.Está acontecendo. Qual vai ser o próximo Estado que vai viver o que o Rio Grande do Sul viveu? E o que o Rio Grande do Sul vai ensinar esse Estado?

O Rio Grande do Sul não pode torcer para que daqui um ano ou dois todo mundo esqueça o que aconteceu e ninguém mais falar sobre isso. Quem perdeu nunca vai esquecer. Não é correto e nem ético um Estado esquecer o que foi vivido pelos seus habitantes. A partir disso, é importante direcionar esforços para evitar que isso aconteça novamente e se acontecer que todos estejam preparados para que não seja um sofrimento tão abismal como foi.

Além disso, o Estado também pode servir como exemplo para outros estados que vão viver isso, seja pela seca, pelas enchentes ou pelo fogo. É importante não esquecer de dar a mão uns para os outros.

GZH: o nome da sua palestra é “Faça a sua vida valer a pena”. Na sua opinião, qual é a vida que vale a pena viver?

Ana Claudia: aquela que você presta atenção na sua responsabilidade de fazer ela valer a pena.

Serviço: 1º Congresso Imersivo de Práticas Integrativas

  • Quando: 2, 3 e 4 de setembro
  • Local: Bless Centro de Eventos (Travessa Dr. Celso Ribeiro, 166, Cidade Nova)
  • Inscrições: no site do Congresso

Fonte: GZH Passo Fundo

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