A única certeza que temos na vida é a de que vamos morrer. Mas, apesar de a morte ser algo do qual não podemos escapar, receber o diagnóstico de uma doença que ameaça a continuidade da vida é assustador, causa medo, dor e angústia. E, na maioria das vezes, não estamos preparados para falar sobre a possibilidade de morrer.
A médica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes, que há 30 anos tem se aprofundado na experiência de cuidados paliativos, é uma das especialistas que tentam nos ensinar a dialogar sobre esse momento. Sua palestra no TEDx, “A morte é um dia que vale a pena viver”, acumula mais de 3,8 milhões de visualizações no YouTube e o livro de mesmo nome foi um sucesso de vendas.
Agora, com “Cuidar até o Fim”, da editora Sextante, ela fala sobre a perspectiva da finitude e aponta a importância de trazer clareza para as escolhas, reavivar lembranças e nos ajuda a conduzir as etapas do adoecimento oferecendo conforto e gentileza. Veja abaixo trechos da conversa da geriatra com o Estadão.
Os cuidados paliativos fazem parte de uma abordagem dentro da área da assistência à saúde para aliviar o sofrimento de um ser humano que enfrenta uma doença ameaçadora de vida. Quando uma pessoa descobre uma doença e se depara com a existência de algo que a faz correr risco de vida, ela passa por sofrimentos em todas as dimensões humanas. Começa com o sofrimento físico, que é o mais óbvio, mas passa pelo sofrimento emocional; pelo sofrimento familiar, social e espiritual.